Equivocadamente, por anos de defesa de conceitos ultrapassados de ecologia e meio ambiente, criou-se no ambiente do agronegócio brasileiro uma verdadeira ojeriza à gestão ambiental.
Ainda hoje, a gestão ambiental no primeiro setor é encarada como entrave, custo, empecilho, atraso e todos os adjetivos negativos que se pode imaginar.
Entretanto, esta pode ser uma grande aliada para melhoria da produtividade e capacidade de expansão do negócio. Em muitos casos, o investimento correto na gestão ambiental, com respaldo nas leis já existentes, pode significar uma diminuição de custos e um incremento na melhoria da imagem social do agronegócio brasileiro, tanto interna quanto externamente.
Não se pode olvidar que a legislação brasileira já prevê incentivos à gestão ambiental neste setor, como a lei nº 13.465/2017, de regularização fundiária. E o volume de projetos de lei neste sentido só é ampliado no legislativo.
Dentro do Plano de Investimento para Agricultura Responsável, a possibilidade de emissão dos green bonds (debêntures para captação de recursos para investimento em projetos que garantam benefícios ambientais) abre espaço para um incremento de investimentos externos bilionários.
Além disso, é sabido que o setor tem na exportação seu carro chefe. Mas tal cenário pode ser revertido rapidamente se a gestão ambiental de outros países for mais efetiva e célere que no Brasil.
Existente desde 2010, o Regulamento nº 66 do Parlamento Europeu, que dispõe de regras para certificação verde de produtos e empresas, teve recentemente (junho/2020) aprovadas novas regras para identificar a atividade econômica ambientalmente sustentável e também o greenwashing (prática de prestar informações falsas com objetivo de obter certificação verde).
O tema permeia discussões em todo mundo.
Hoje, o produto não sustentável, que traz prejuízos ao meio ambiente tem mera recomendação de não aquisição. Até quando?
A gestão ambiental começa no conhecimento aprofundado da legislação nacional e internacional e viabilização de ferramentas que permitam as adaptações necessárias (e efetivas) à manutenção da presença no mercado hoje e sua rápida expansão no espaço deixado por aqueles que não foram capazes de se adaptar a novos tempos.